ÀS MARGENS

 

 

Limite. Borda. Extremidade. Estar às margens é estar fora do centro, fora do foco. Para a geografia, é a fronteira. Para a cidade, é a periferia. Para a estética, a transgressão.

 

À semelhança das demais cidades luso-brasileiras, Porto Alegre foi constituída às margens de um corpo d’água protegido, o Lago Guaíba. Sua importância ambiental, econômica e histórico-cultural foi peça chave na construção da identidade da região desde a chegada dos primeiros açorianos. Entretanto, isso não impediu que o maior cartão-postal da capital gaúcha fosse negligenciado, murado e afastado da população. Deixado à margem.

 

Cidade de limites imprecisos, Porto Alegre extravasa suas divisas e é, na verdade, o cerne de uma extensa mancha urbana: sua Região Metropolitana, composta por 37 municípios, é a quarta maior conurbação do Brasil. Em função desse fenômeno, numerosos habitantes da Grande Porto Alegre protagonizam, todos os dias, um intenso movimento de migração pendular. Transpõem as margens.

 

As contradições econômicas e sociais da região são evidenciadas pela presença de uma substancial população de rua e pela fortíssima segregação socioespacial. A dinâmica  metropolitana faz com que pessoas em situação de vulnerabilidade sejam sistematicamente marginalizadas, excluídas do processo formal de cidadania. No entanto, suas narrativas acerca da realidade são profundamente conscientes, portadoras de percepções muito ricas - ainda que silenciadas. Contestam as margens.

 

O XXXVII Encontro Regional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo: Grande Porto se propõe a discutir, destacar e dar luz ao que está do lado de fora. Explorar os limites, transcender as margens.